A Vinícola Marabino é uma vinícola siciliana localizada mais ou menos entre Noto e Ispica, no sul-sudeste da ilha, naquela área produtora dos vinhos Doc Eloro, Doc Noto e Moscato di Noto, também chamada de Rota do Vinho do Val di Noto.
Decerto é uma vinícola bastante jovem, tendo surgido em 2002 graças à paixão dos proprietários por tudo que a terra siciliana oferece. Além disso, todos os vinhos deles são orgânicos e produzidos com uvas cultivadas somente no território da vinícola. São cerca de 30 héctares de vinhedos de Nero d’Avola, Chardonnay e Moscato Bianco que dão origem a uma produção de apenas 100.000 garrafas por ano (o típico caso em que foi investido em qualidade e não na quantidade). Em suma, a produção divide-se em 6 rótulos: os tintos Noto Doc e Archimede, os brancos Eureka e Muscatedda, o rosê Rosa Nera e o vinho de sobremesa Moscato della Torre.
Fomos recebidos pela Sra. Anna, uma pessoa extremamente atenciosa e que nos contou a inteira história da vinícola, dos vinhos e nos acompanhou na visita aos vinhedos. Infelizmente a vindima tinha acabado há poucos dias, e eu só pude ver videiras “nuas”, sem aqueles belíssimos cachos de uva.
Além das videiras, estão plantados no terreno também os típicos cactos de figo-da-índia e muitas oliveiras. De fato, a vinícola também produz um excelente azeite.

Imensa oliveira que nos protegeu do sol escaldante. A Marabino também produz um azeite orgânico de altíssima qualidade.
Como foi a visita à vinícola Marabino
A visita iniciou no grande pátio do edifício principal da vinícola, que lembra aquele das antigas fazendas de café do Brasil. De fato, fiquei surpresa ao saber que, na verdade, não é o edifício original, mas sim uma construção bem recente que, no entanto, seguiu os modelos dos antigos casarões rurais da Sicília.
O dia estava lindo e o céu azul contrastava com as cores quentes do edifício principal da vinícola. Aquela área da Sicília é muito árida no verão e realmente fazia bastante calor, afinal estamos falando de um dos territórios mais ensolarados da Europa e que se encontra em uma latitude abaixo de Túnis. É, praticamente, quase África.
Anna nos acompanhou até os vinhedos e nos explicou detalhadamente, e em modo apaixonado, as características do solo, as técnicas de cultivo das vinhas e como a vinícola adotou o método de agricultura orgânica e biodinâmica. Em suma, não usam nenhum fertilizante químico ou substância artificial, apenas adubos produzidos pela própria natureza, como excrementos de animais que passeiam por lá, por exemplo, de coelhos e lagartixas.
Depois do passeio entre as vinhas, fomos visitar a área onde acontece o processo de vinificação em si. Tudo inicia pelo processo de separação dos talos das uvas, passando pela fermentação nos tanques de alumínio e o envelhecimentos nas barricas de carvalho.
Além disso, a sala de degustação é muito acolhedora, decorada com muitos quadros e uma carroça siciliana. Eles também aproveitaram para expor amostras dos diferentes solos que compõem o terreno.
Os vinhos da vinícola Marabino
Quero deixar claro que não sou uma especialista em vinhos, gosto de degustá-los mas não tenho nenhum conhecimento técnico no assunto. A degustação também foi guiada por Anna, que a cada vez ia explicando as características dos vinhos. Para acompanhar a degustação, tivemos também focaccia e pão temperado com azeite.
Começamos pelo Eureka, um vinho branco corposo produzido com somente uvas chardonnay. Eu sou fã dos brancos sicilianos e, apesar do Eureka ser produzido em uma área onde os vinhos tintos se sobressaem, ele foi para a minha listinha de preferidos.
Passamos ao Noto Rosso, produzido a partir de uvas nero d’avola cultivadas em diferentes tipos de solo, para extrair o melhor de cada um. O Noto Rosso passa por um processo de envelhecimento de 1 ano em barricas e 1 ano na garrafa. Ele constitui 60% da produção da Marabino.
Degustamos então o Archimede, um vinho reserva que recebe esse nome em homenagem ao grande Arquimedes de Siracusa. É um vinho com taninos suaves e que envelhece 2 anos em barricas de carvalho francês e um 1 na garrafa. A Marabino produz cerca de 10.000 garrafas dele por ano.
Por último degustamos o Moscato della Torre. Seu nome se deve à Torre Marabino, uma antiga torre de observação onde hoje fica o relais pertencente aos mesmos proprietários da vinícola. A colheita das uvas moscato acontece no início do mês de agosto e, em seguida, elas passam por um período de exposição ao sol para o apassimento. A produção deste vinho é de apenas 5000 garrafas por ano.
Poderia ter ido adiante e provado os outros dois vinhos, mas já tinha chegado ao meu limite, afinal visitei a vinícola Marabino às 11 da manhã!
Informações úteis
Para quem gosta de um percurso completo, que inclui visita aos vinhedos e degustação, a Marabino pode ser uma ótima opção. Como falei anteriormente, além da vinícola o grupo é proprietário do Relais Torre Marabino, um hotel situado em meio aos campos sicilianos, no extremo sul da ilha.
- A visita à vinícola com degustação pode ser feita de segunda a sexta, das 10 às 14h30, mas é necessário reservar alguns dias antes por e-mail.
- A degustação de dois vinhos + azeite custa 15 euros por pessoa. Cada rótulo a mais que a pessoa quiser degustar, custa 3 euros.
- É possível marcar uma degustação para a hora do almoço e optar por acompanhar aos vinhos uma refeição leve. Eles preparam degustações de vários produtos típicos, como saladas, queijos, azeitonas, etc. O almoço leve, a “spizzuliata” (traduzindo, algo como “belisquetes”) custa 10 euros por pessoa. Na hora da reserva, é necessário informar o tipo de degustação que se quer.
- O tour na vinícola acontece somente em italiano e inglês.
- Por fim, para mais informações, visite o site da vinícola.
Como chegar à Vinícola Marabino
A Marabino fica a cerca de 25km de Noto e 30km de Modica. Coloque no seu GPS o endereço Contrada Buonivini, Noto (o lugar se chama Società Agricola Marabino).
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