Muitas leitoras me perguntam se é tranquilo viajar sozinha pela Sicília. Eu sempre respondo que sim, inclusive porque muitos dos meus passeios por aqui eu faço sozinha. No entanto, eu sou “de casa”, praticamente uma siciliana (risos). Por isso, achei muito interessante contar o ponto de vista de outra pessoa, de uma turista. Assim, convidei uma turista portuguesa a nos contar sua história. A Sílvia.
De fato, o blog tem uma fatia de assíduos leitores provenientes de Portugal. Para vocês terem uma ideia, depois do Rio de Janeiro e de São Paulo, é de Lisboa que provém o terceiro maior número de cliques. Silvia não mora em Lisboa, mas ela é uma leitora de um lugares mais bonitos de Portugal e que decidiu contribuir contando pra gente como foi passar 15 dias na Sicília em pleno verão, viajando sozinha.
Além disso, Sílvia organizou tudo por conta própria e só utilizou transporte público. Sem dúvida a viagem dela é uma verdadeira lição de encorajamento para as mulheres que ainda têm receio de viajar sozinha pela Sicília.
Férias de Verão na Sicília – 15 dias mágicos: uma aventura inesquecível
Palermo (28 Junho a 1 Julho)
Num final de tarde de Domingo aterrei no Aeroporto de Palermo (Punta Raisi). De fato, as emoções já estavam ao rubro e, era difícil controlar o sorriso no rosto. Sendo assim, com os pés em terra firme e, antes de apanhar o autocarro para a cidade, passei pelo bar, junto à saída do aeroporto. Fui comer um Cannolo – e que sorte, era o último: uma delícia.
Em Palermo, fiquei instalada num B&B “Al centro di Palermo” (a poucos minutos, a pé, do Teatro Politeama). Era um lugar pequeno, acolhedor, moderno, com responsáveis simpáticos, próximo de bares e restaurantes, em suma, muito agradável.
Apesar do tremendo calor, explorei a cidade a pé. Palermo é, definitivamente, um museu ao ar livre. Adorei o Teatro Massimo (sublime); a Catedral (excepcional) – a vista do terraço da catedral sobre a cidade de Palermo, é indiscritível; a Capela Palatina (belíssima); os Quattro Canti (fantástico); Fontana della Vergogna (lindíssima); os mercados típicos cheios de sons, aromas, cores e sabores; a comida típica, saborosa, gulosa.
Deliciei-me com os cornettos recheados, as granitas, os gelados saborosos, as massas fabulosas; provei arancinos, cannolo brioche e gelato, etc… foi tudo maravilhoso e delicioso.
Sem dúvida que Palermo, à parte do seu trânsito caótico, sem regras e despreocupado e, da existência de zonas pouco asseadas (muito lixo espalhado pelo chão), é uma bela cidade repleta de vários pontos de interesse e inesquecíveis.
Trapani (1 Julho a 4 Julho)
A viagem de autocarro de Palermo até Trapani foi preenchida com belas paisagens, com mar e belas praias à espreita (facilmente perde-se a noção do tempo e da distância).
À chegada, ao centro de Trapani (pela hora do almoço) o calor não dava tréguas. Ao avistar o mar, nem hesitei e apressei-me a espreitar: que grande extensão de praia, um mar fantástico, imensas pessoas. Assim, fui à procura do B&B “A due passi dal mare” para desfrutar, ao máximo, este belo lugar.
Fiquei instalada perto da praia (como o próprio nome do B&B indica) e de alguns restaurantes (muito bons, há que dizer). Adorei o alojamento, o Sr. Giovanni (o responsável) sempre muito atencioso e simpático. Um lugar super agradável, impecável: sentia-me em casa.
Para além de aproveitar a maravilhosa praia, deliciar-me com o fantástico pôr-do-sol de Trapani, passear pelo centro histórico (lindo), visitar o museu Pepoli, comer o couscous de peixe (delicioso), a Pasta alla Norma (divina), pizzas feitas a lenha (excelente), tive o privilégio de visitar o Monte Erice e, viver uma manhã mágica e inesquecível. Contrariei um dos meus “receios”, que era andar de teleférico. De fato, fiz a subida combatendo o medo com a adrenalina que a paisagem magnífica sob trapani e arredores despoletava em mim.
O passeio por Erice foi repleto de emoções e sensações. Deixei-me perder nas imensas ruelas, conhecei igrejas, subi à torre (com uma vista incrível sobre a cidade e arredores), descobri recantos, miradouros, vistas, paisagens; saboreei os doces, especialmente os da Doçaria “Maria Grammático” (divinais).
Enfim, a passagem por Trapani foi um rodopio de emoções e de imagens inesquecíveis com um enquadramento único do Monte Erice, o pôr-do-sol e a praia. Sem dúvida, perfeito!
Agrigento (4 Julho a 6 Julho)
De Trapani a Agrigento esperava-me uma longa viagem de autocarro (+3 horas). Como tem sido hábito, foi um percurso recheada de fantásticas paisagens.
À chegada a Agrigento, olhei à minha volta e disse: onde é que vim parar? Ainda anestesiada da viagem, e com um enquadramento tão diferente de Trapani, os primeiros minutos não foram prometedores. Na verdade, foram só mesmo esses minutos de dúvida.
Ao procurar o B&B “Le 4 Stagioni” (muito bem localizado: um lugar simpático, aconchegante e, com um dono muito atencioso e simpático) descobri que tinha chegado à província em dia de festa: do padroeiro San Caloggero (não sei bem se é assim que se escreve). Imensa gente na rua, um grupo de pessoas a tocar tambor, uma enorme feira: um autêntico arraial. Neste lugar pacato, pequeno, repleto de magia, as pessoas vivem a história e os costumes de uma forma intensa, apaixonada e natural.
Nos dias que lá estive, foi festa dia e noite; muita música, comida, missas, procissões, imensas pessoas a comemorar, fogo de artifício, um calor tremendo. Adorei presenciar tudo isto e conhecer um pouco dos costumes desta bela província.
O Vale dos Templos
No Domingo de manhã, afastei-me um pouco do arraial e do centro de Agrigento e, fui conhecer o Vale dos Templos. É impossível encontrar, apenas, uma palavra para definir este lugar divino. Passei lá a manhã, tentando sobreviver ao imenso calor e, deliciando-me com os templos (ou o que lhes resta), enquadrados na paisagem, no tempo, na história: foi perfeito!
Passei a tarde em San Leone, a zona de praia de Agrigento e adorei. Uma praia extensa de areia, perfeita, com um mar fantástico (quase nem se mexia) e repleta de gente, animação.
Como estava localizada perto do centro histórico de Agrigento, pude explorar tudo a pé, percorrer as várias ruelas, descobrir miradouros, provar doces e gelados. Tive o privilégio de comer na Trattoria Concordia (que recomendo a toda a gente que passar por Agrigento); um lugar pequeno, extremamente acolhedor, com um simpático atendimento e, a comida de excelência, saborosa, sublime, perfeita: típica!
Esta província que, à primeira vista, parecia não ter nada de interessante, revelou-se uma fantástica surpresa, repleta de tradição e animação: inesquecível.
Siracusa (6 Julho a 8 Julho)
Para chegar a Siracusa, tive de apanhar um autocarro de Agrigento até Catânia e, depois apanhar outro de Catânia até Siracusa: mais uma longa jornada e, como não podia faltar, acompanhada de belas e estonteantes paisagens.
Foi um dia longo até chegar ao destino e, devo confessar que a paragem em Catânia não foi do meu agrado. Não gostei propriamente do ambiente; pareceu-me uma cidade um pouco escura e, apesar de estar nos meus planos conhecê-la, aquelas horas de passagem fizeram mudar de ideias. Nem a vista para o Vulcão Etna era suficiente para me entusiasmar…
Cheguei a Siracusa, ao final da tarde, debaixo de um tremendo calor e, o cansaço já se fazia sentir. Facilmente, encontrei o B&B “Arrè” (muito bem situado, um excelente alojamento, moderno, confortável; tem como rersponsáveis uma família muito acolhedora e simpática: adorei).
Em Siracusa tive a oportunidade de conhecer o Parque Arqueológico Neapolis e, a ilha de Ortigia. O parque é, simplesmente, fantástico, adorei a visita, de passear pelos jardins, conhecer o teatro grego, etc. A ilha de Ortigia é um lugar mágico e maravilhoso: linda, perfeita, repleta de recantos mágicos, boa comida e belas paisagens.
Percorri Ortigia a pé, vagueando pelas ruas, descobrindo recantos, pormenores, enquadramentos; perante tamanha beleza, o calor já quase nem se fazia sentir. Adorei a Piazza Duomo (provei os doces “olhos de santa lúcia” (uma delícia)), a Catedral, a Fonte Aretusa, o porto, o antigo mercado, as ruínas do Templo de Apolo. É um lugar lindíssimo.
Mais uma vez, fiquei maravilhada com Siracusa e, com tudo o que podemos desfrutar deste belo lugar: perfeito!
Taormina (8 Julho a 13 Julho)
Como não estava com vontade de regressar a Catânia, fui para Taormina de comboio directamente de Siracusa. A viagem foi tranquila.
Se eu pensava que mais nenhum lugar iria me surpreender, bastou chegar à estação Taormina-Giardini: mais um paraíso (como todos os outros). Mas, provavelmente, o mais especial de todos!
Antes de tudo, na viagem de autocarro da estação até Taormina, o meu cérebro bloqueou com tamanha beleza. A subida até Taormina é exuberante, um turbilhão de sensações, uma viagem fantástica com paisagens mágicas e dignas de registo.
Foi fácil chegar do terminal de autocarros ao B&B ” The Dolphins Guest House“. Extremamente bem localizado, com uma vista fantástica, pessoas muito simpáticas, acolhedoras, bem equipado: adorei!
A pequena Castelmola
Fui visitar, em primeiro lugar, Castelmola: uma fantástica tarde! Castelmola é um lugar mágico, belo, divino, perfeito…deixei-me perder nas ruas, nas horas, nos recantos, nas paisagens, nos sabores, nas cores, nos cheiros… Provei o vinho de amêndoas e a torta de pistache, no bar turrisi (divinal e, imperdível).
Além disso, a subida ao castelo é linda; percorrer as ruas, descobrir os miradouros, observar do cimo Taormina e arredores, olhar de frente o Vulcão Etna é brutal, surpreendente, emocionante e arrepiante…foi uma tarde perfeita num lugar perfeito.
O passeio em Taormina
De volta a Taormina, percorrer o Corso Umberto, entre a Porta Messina e a Porta Catânia é indescritível. Como tive a sorte de ficar alojada bem perto da porta Messina, tive a oportunidade de explorar, absorver, tudo o que este centro histórico tem para dar. É, simplesmente, estonteante a quantidade de gente, de ruelas, de comida, de sabores, de aromas, de cores, de tudo…
Taormina é, sem sombra de dúvidas, um cantinho muito, muito especial. Encantei-me, profundamente, pela Piazza IX Aprile; é encantadora, charmosa, romântica, bela, especial, única! Fiquei horas a observar os artistas de rua (especialmente os que pintavam quadros e faziam retratos de pessoas), a ouvir música, a contemplar o ambiente, as paisagens: mar de um lado e Vulcão Etna (sempre a deitar fumo) do outro, Castelmola no alto: sublime!
Fui visitar o Teatro Grego e, confesso que jamais me esquecerei deste dia. Dei comigo, sentada, durante largos minutos (muitos mesmo) a olhar… simplesmente a olhar para o mar, o vulcão, o teatro. Um quadro, arrepiantemente, belo.
Todas as lojas de souvenirs existentes em Taormina indicam o grande ponto turístico que é. Certamente não dá para calcular a quantidade de pessoas que passeava pelas ruas. É realmente impressionante.
As praias nos arredores
Como se já não bastasse todos estes fantásticos atributos que fazem de Taormina um lugar único, o que dizer das suas praias? A praia de Isola Bella, uma reserva natural que fala por si: única, bela, perfeita…divina.
A praia de Giardini Naxos, com alguns espaços de areia, um mar fantástico, imensa gente: fantástica. E mais algumas praias nos arredores (Letojanni, Mazzeo) que são óptimas opções para desfrutar de bons e refrescantes momentos.
Perante tanta emoção, tantos momentos inesquecíveis vividos nestes 15 dias completamente alucinantes, não poderia sair deste lugar paradisíaco (Sicília) sem fazer algo que me fizesse recordar, para sempre, não só Taormina mas todos os outros lugares fantásticos que tive o privilégio de conhecer. Dessa forma, fui até ao Skin Tattoo, em Giardini e, tive o privilégio de fazer uma tatuagem com o Adriano La Rocca: mais perfeição? Impossível.
Aqui fica a frase (tatuada no pé) que melhor define estes maravilhosos e inesquecíveis 15 dias: LA BELLA VITA.
Um agradecimento
Em conclusão, queria agradecer à Patrícia pelo seu fantástico blog, repleto de dicas extremamente úteis e preciosas. Desejo que tudo corra pelo melhor neste seu projeto de cativar e entusiasmar os seus leitores com as suas vivências nesse lugar incrível que é a Sicília.
Foi, sem dúvida alguma, a inspiração que necessitava para, finalmente, tomar coragem e fazer uma aventura destas. Como é normal, no início as dúvidas foram muitas, embarcar sozinha num desafio destes coloca algumas interrogações mas, tive a sorte de ter descoberto o seu blog e, tudo ficou facilitado. Muitos lugares ficaram por conhecer, algumas dicas ficaram por descobrir, mas o mais importante é que, cada segundo, cada minuto, cada momento que vivi nestes dias foi aproveitado ao máximo e vivido na plenitude.
Enfim, viajar sozinha não é nada de outro mundo; viajar sozinha leva-nos sim, para outro mundo; um mundo de privilégio, plenitude, autoconhecimento, adrenalina, paixão e crescimento.
Obrigada e, até já, Sicília!
Oi Pat!!! Estou em Palermo, sozinha, pensando aqui em fazer dois bate- volta, um a Agrigento e outro a Cefalu… e dps iria a Trapani… quero ficar pelo menos 3 dias lá , pra conhecer Favignana, erice e segesta… dps tenho q ir pro lado da Catânia, pq saio da ilha por lá! Acho que posso escolher duas bases, sendo uma a própria Catânia! E pra sair de Trapani, por onde vou? Que roteiro sugere? Socorro!!! Ahhh tenho 10 dias pela frente, devo sair dia 08/09! Brigadaaaa
Olá Julle!
Cefalù e Agrigento são ótimos bate e volta a partir de Palermo.
Não entendi se você estará de carro ou transporte público, mas para ir de Trapani a Catania, você vai ter que voltar pra Palermo. É o melhor modo (ou menos pior). Mas dá para fazer tudo em um dia só.
Veja aqui dicas de bate e volta a partir de Catania: Dicas de passeios bate e volta saindo de Catania
Um abraço,
Patricia
Vou pra Trapani por três dias, quero saber como de lá sair pro lado da Catânia (estou de trem!!! ) terei mais 6 dias, onde ficar? Linda não decidi!!! Ficar em siracusa e Catânia e fazer outros bate-voltas? Já fiz cefalu de Palermo e amanhã vou a Agrigento!!! Sempre de trem… sair de Trapani por avião até Catânia é demais? Me ajuda a escolher uma ou duas cidades do leste pra terminar!!! To achando muito longa as viagens de trem!
Imagino que foi sensacional. Já deixei minhas sensações sobre a viagem para a Sicilia aqui no blog da Patricia e é realmente uma sensação indescritivel conhecer esse paraiso. Volto em breve!!!! ❤
Silvia,
Que relato delicioso! Estou a poucos dias da minha viagem para a Sicília e seu texto foi de grande inspiração!
Abraço,
Aline
Silvia que texto delicioso! Eu também estive na Sicília sozinha e senti exatamente isso que você descreve. Sempre agradeço a Patrícia por este blog lindo que também me encorajou a ir descobrir este paraíso. Minha estadia foi bem curta só estive em Taormina e Siracusa. Sua viagem me inspira a voltar e conhecer também os postos de Agrigento e Trapani que estão ainda na minha lista de desejos. Sicília, quem conhece sempre vai querer voltar, é uma terra apaixonante!
Que belo texto, que belo roteiro, amei!!! Eu admiro pessoas corajosas como a Sílvia, e, sobretudo, sensíveis, românticas…que observam e se surpreendem com os mínimos detalhes! Parabéns!
Silvia, seu roteiro foi bem parecido com o que fiz com minha família. Quando você terminou nós começamos, em 13 de julho. 🙂
Trapani e Siracusa estavam em nosso roteiro original, mas por questões logísticas (problemas no aluguel do carro) tivemos que deixar para outra oportunidade.
As dica da Patricia realmente são preciosas para que vai a Sicília.