Você já pensou em visitar a ilha de Procida? Provavelmente não. De fato, a maior parte de quem planeja um roteiro por Nápoles e pela Costa Amalfitana inclui um passeio em Capri, que é só uma das belas ilhas que compõem o golfo de Nápoles. No entanto, Procida tem um charme todo seu.
São três as ilhas do Golfo de Nápoles: Capri, que não precisa apresentações, Ischia, e a menor e menos conhecida delas, Procida.
No entanto, se comparada com as outras duas, famosos destinos turísticos, Procida ainda é uma ilha a ser “descoberta” e fascina por sua calma, cores vivas e cenários pitorescos, tão pitorescos que inspirou romances e grandes filmes.
Surpreendentemente, Procida foi uma das locações utilizadas nas filmagens de O Talentoso Ripley e de O Carteiro e o Poeta, neste caso junto com a ilha de Salina, aqui na Sicília.
O que fazer em Procida
Procida é pequenininha, tem uma área de pouco menos de 4km². Por isso, muitas pessoas fazem apenas um bate e volta desde Nápoles ou dormem uma noite, mas depois de visitá-la eu diria que a ilha merece bem mais que isso para que seja apreciada realmente.
Um passeio no centro histórico
Andando pelo centro histórico, você apreciará as estradas características, muito estreitas e íngremes de Procida. Por exemplo, suba até Terra Murata, uma antiga fortaleza com vista para o mar construída para fins defensivos no ponto mais alto da ilha. De lá desfrutamos de uma vista deslumbrante para o Golfo de Nápoles.
Uma vez que você lá em cima, a vontade é de fotografar sem parar aquele que é o clássico cartão postal de Procida. Em Terra Murata fica o Palazzo d’Avalos (1563), que mais tarde se tornou o Palazzo Reale. Em 1830 o edifício foi transformado em uma verdadeira prisão cidadela, que foi fechada em 1988.
Além disso, outro lugar que pode ser visitado é a Abadia de San Michele (século XVI) e a casa de Graziella, uma típica cada “procidana”.
Visitar a Casa de Graziella
Graziella é a garota procidana que dá o título ao romance de Alphonse de Lamartine, poeta francês que chegou à Itália em setembro de 1811. Em abril de 1812 ele chegou a Procida, onde conheceu e se apaixonou por Graziella, uma jovem com uma aparência graciosa que, órfã, vivia com seus avós e irmãos.
Daí a inspiração para o romance Graziella que, retomando a história autobiográfica do autor, conta a história de um rico jovem francês que decide experimentar a vida dos pescadores locais acabando por se apaixonar pela bela Graziella, uma garota de olhos negros e cabelos longos. Mas a história termina tragicamente: um dia, o jovem é forçado a voltar para a França, mas promete à moça que voltará para ela. Enquanto isso, Graziella adoece de tuberculose e morre, mas antes enviando uma carta e uma mecha de seus cabelos para o amado.
De fato, com esse romance de Alphonse de Lamartine, Graziella acabou virando um dos símbolos de Procida e, por isso, fomos conhecer a casa-museu dedicada a ela.
O Museo Casa di Graziella fica no segundo andar do Palazzo della Cultura e é a reconstrução do que poderia ter sido a casa de Graziella e apresenta uma decoração que, embora mais rica que a de uma casa de pescadores da época, é composta de objetos autênticos do final do século XIX, início do século XX.
Na casa-museu tem uma pequena lojinha onde é possível adquirir o romance de Alphonse de Lamartine (em italiano). Eu comprei o meu!
Endereço: via Terra Murata, Procida
Bilhetes: € 3.
Horário: segunda a sexta, das 10h às 16h.
Deliciar-se com as cores da Marina de Corricella
A Marina di Corricella fica logo abaixo de Terra Murata e é a mais antiga vila de pescadores da ilha de Procida, muito charmosa com suas casinhas coloridas. Por causa de sua imensa beleza, a vila também foi escolhida como o local de filmagem para vários filmes, incluindo “O Carteiro e o Poeta”.
Atualmente a Marina de Corricella é um ótimo lugar para passear e representa a alma antiga de Procida: caminhar pelas suas ruas permite admirar as casas coloridas dos pescadores com o típico “Vefi”, as varandas cobertas por arcos de origem árabe, e saborear um pouco de tranquilidade, talvez parando para um jantar com base em peixe fresco em um dos restaurantes.

Um dos restaurantes mais famosos de Procida é a Locanda del Postino, que é a taberna onde trabalhava a Beatrice, de O carteiro e o Poeta. O lugar é cheio de fotos da época da gravação. Reconheceram?
Curtir as praias
Procida não é que seja famosas por suas praias paradisíacas, mas há algumas baías e enseadas bonitinhas. No entanto, sendo Procida uma ilha de origem vulcânica, todas as praias são de areia escura ou pedrinhas, característica desse tipo de lugar.
Do lado da ilha onde atracam as balsas, o sol se põe mais cedo, mas há praias onde se pode chegar a pé, são de areia, e também equipadas com guarda-sóis, espreguiçadeiras, bares e restaurantes. Entre elas, há a praia de Lingua e a do Silurenza, pertinho e à direita do porto.
Por outro lado, a praia de Chiaia é caracterizada por águas rasas, a praia tem trechos livres e estabelecimentos particulares. A areia é escura com pedrinhas e mar cristalino.
A Praia de Chiaiolella é uma das maiores praias de Procida, com areia escura e mar cristalino e dá para chegar facilmente a pé. De lá se tem um por do sol incrível e foi o lugar que escolhemos para jantar na nossa última noite na ilha.
Por fim, a Spiaggia del Postino (praia de O Carteiro e o Poeta) ou do “Pozzovecchio” é uma das mais sugestivas da ilha. A areia também é escura, mas quando o mar está calmo, fica lindo, cristalino com reflexos esmeraldas. Vale a pena ir lá também para curtir o por do sol.
O que comer em Procida
Os pratos de Procida são uma saborosa harmonia de mar e terra. Na verdade, o trecho do mar entre Procida e Ischia oferece anchovas, robalo, pargo, paladar e frutos do mar. O território vulcânico do interior, no entanto, crescem legumes , verduras e frutas cítricas, entre os quais alcachofras e berinjelas, tomates e pimentões e sobretudo os limões de Procida.
Entre os pratos de massa, a maior parte é à base de peixe e frutos do mar, como linguine com lagostim e macarrão com anchovas frescas e pimentões fritos. Na hora do café da manhã ou da merenda não deixe de experimentar a “lingua di suocera” (língua de sogra), uma deliciosa massa folhada recheada com creme com limão.
Onde se hospedar em Procida
Em Procida não há muitas opções de alojamento e, na alta temporada, se você deixar para reserva na última hora, pode ficar sem muitas opções. Não há nenhum grande hotel, então quase todas as acomodações são em apartamentos ou B&Bs.
Nós reservamos o B&B Terra Murata e devo dizer que não poderia ter feito uma escolha melhor. O proprietário, Giacomo, foi nos buscar no porto de carro, assim não tivemos que sair carregando nossas malas. O B&B é muito charmoso e aconchegante, em pleno centro histórico de Procida (daí o nome, Terra Murata, sobre o qual expliquei anteriormente).
A dedicação e atenção que o proprietário dá a todos os hóspedes é sem igual. Isso fez muita diferença na nossa estadia, fazendo com que a gente se lembre de Procida com muito carinho.
Veja a disponibilidade e tarifas do B&B Terra Murata clicando AQUI.
Como chegar a Procida
É muito simples chegar a Procida e o modo mais comum é a partir de Nápoles, do Molo Beverello.
De Nápoles a Procida
De Nápoles há conexões marítimas com a ilha, através balsas e hidrofólios de diferentes empresas. Durante a alta temporada, é aconselhável reservar bilhetes com antecedência para não arriscar longas filas na bilheteria ou, pior ainda, todos os ingressos a bordo. As companhias de navegação são a Caremar e a Snav e com o barco rápido (hidrofólio) a viagem dura cerca de 40 minutos. Você poderá verificar horários, valores ou reservar seus bilhetes AQUI.
De Ischia a Procida
Este foi o trajeto que fizemos, pois visitamos primeiro a ilha de Ischia. Procida fica bem perto de Ischia e foram apenas 15 minutos de navegação com o barco rápido.
Os ferries e barcos rápidos da Caremar e da Snav saem de Ischia Porto e do porto de Casamicciola. Você poderá verificar horários, valores ou reservar seus bilhetes AQUI.
Procida deixou saudades…
Se penso em Procida, penso na luz quente e no calor humano do Mediterrâneo. A ilha é encantadora: o cheiro dos limões e do mar se fundem em uma paisagem de tirar o fôlego e casinhas coloridas que parecem uma pintura.
Visitar Procida foi uma experiência maravilhosa. Ela nos deixou com o coração feliz por temos encontrados ótimas pessoas, olhos cheios de maravilhas e uma bela recordação!
Oi Patrícia. Adorei seu relato sobre a ilha. Ela consta na minha lista pra ser visitada na minha próxima ida à Nápoles. Lembro do cenário encantador nos dois filmes que você citou. Imagino que pra quem gosta de pescados como eu, comer em Procida deve ser um deleite só! Aliás, falando em comer, estou começando a montar um roteiro pra comer onde os napolitanos comem. Já visitei a capital da Campânia duas vezes e nas duas gostei bastante da comida mas senti que fiquei muito no roteiro turístico. Caso você tenha alguma sugestão de blog ou página pra pesquisar este tipo de roteiro, ficaria agradecida. Pretendo conhecer as proximidades de Nápoles com este objetivo também.
Oi Gisa!
Eu tambpem adoro Nápoles!
Não sei se você entende italiano, mas no blog Napolike tem diversas dicas. Dá uma olhada lá.
Um abraço,
Patricia