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As Salinas de Trapani e Marsala com seus moinhos de vento


Sem dúvida as salinas de Trapani e Marsala são um cartão postal do oeste da Sicília. Quando você visita uma das duas cidades, não pode deixar de dar um pulinho nelas para conhecer a bela paisagem.

De fato, quando vamos de uma cidade para a outra, logo vemos piscinas rasas cheias de água, com montinhos brancos em suas bordas. É sal, o chamado “ouro branco” da Sicília.

Por muito tempo o sal foi um material muito precioso na Itália. Cobrava-se até mesmo um imposto sobre ele, assim como sobre o fumo, de modo que só podia ser vendido nas tabacarias. Quando vemos o trabalho que exige a extração do sal, podemos entender perfeitamente por que ele foi apelidado de “ouro branco” por aqui.

LEIA TAMBÉM:  Dicas de Trapani: O que ver e fazer na cidade

As salinas de Trapani e Marsala se estendem por cerca de 30km. Apesar de parecer muito, é um número bem menor do que no passado. No entanto, elas são as últimas salinas que restam na Sicília.

Salinas de Trapani

As salinas de Trapani e sua história antiga

A produção de sal na Sicília Ocidental existe há 3.000 anos. A área é perfeita para isso graças à alta salinidade do Mar Mediterrâneo e a um clima caracterizado por poucas chuvas, muito sol e ventos frequentes para ajudar na evaporação. De fato, os fenícios logo descobriram isso.

Esses marinheiros, comerciantes e mercadores estabeleceram uma colônia em Trapani, monopolizaram o sal e o usaram para conservar carne e peixes. Aos fenícios se sucederam outras civilizações, como árabes e normandos, que continuaram a produzir e comercializar sal de Trapani, e assim as salinas foram prosperando. No entanto, o método de produção permaneceu o mesmo até o final do século XVIII, quando introduziram os primeiros moinhos de sal da Sicília.

No final do século XIX havia 40 salinas e se produzia mais de 100.000 toneladas de sal a cada ano.

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Panorama das salinas com ao fundo a Torre de Nubia, costruída no século XVI por ordem do governo espanhol para a defesa da costa siciliana

As salinas de Trapani hoje

Em primeiro lugar, é importante saber que as salinas ficam em uma reserva natural. É um oásis do WWF, com incontáveis ​​pássaros especiais e até flamingos rosa no inverno.

Atualmente há cerca de dez salinas com duas áreas principais de produção: em Nubia (Trapani) e na Lagoa do Stagnone, em Marsala.

A extração do sal é um processo bastante demorado, durante o qual se deve medir a salinidade da água com muita precisão. No passado, isso era feito pelo chamado curatolo, que podia ler a salinidade a partir da fluidez da água, do nível de óleo e da mudança de cor da água.

Hoje em dia, a medição é feita automaticamente, onde a salinidade é expressa em graus de Baumé. A água do Mar Mediterrâneo já possui uma salinidade bastante elevada: 3,5 a 4,5° Baumé. Quando a água acaba nas últimas salinas rasas, a salinidade aumenta aproximadamente cinco vezes, de 24 a 26° Baumé.

Salinas de Trapani

A extração do sal

Antes de mais nada, no final do inverno, isto é, na segunda quinzena de março, as salinas são drenadas e limpas. Além disso, isola-se as bacias da salina, de modo que a água do mar não penetre espontaneamente. Isso é feito com uma mistura de lama e sal retirada das bacias durante a limpeza. Isso fechará quaisquer orifícios nas bacias e tornará o fundo de cada uma delas liso e à prova d’água.

Essa grande limpeza vai durar até maio. Em seguida, as salinas estarão totalmente prontas para um ciclo de produção.

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Primeiramente, bombeia-se a água do mar para as grandes bacias e, conforme o tempo passa e a temperatura aumenta, a água continua subindo um pouco. No início de julho, a água terá evaporado o suficiente e o sal se cristalizado. A maioria das salinas tem uma camada de cerca de 6 a 10 centímetros de sal.

A este ponto os trabalhadores podem começar a trabalhar para “colher” o sal. Eles irão formar pequenos montes de sal para que ele possa secar bem antes de ser levado para os montes à beira das salinas, os quais ficam parcialmente cobertos por telhas.

Salinas de Trapani

As Salinas de Trapani e o Museu do Sal

Você pode ter uma ideia de como funciona tudo isso no Museu do Sal, que fica no meio das salinas de Trapani. Alojado em um dos moinhos de vento típicos usados ​​para bombear água, o museu oferece uma grande visão da vida dos trabalhadores.

Por exemplo, você pode ver com base em retratos quais tarefas tinham que ser cumpridas, ou ainda a função de cada um. Além do grande patrão (u patruni), tinha um moleiro (u mulinaru), o medidor de sal, que também era sub-superintendente (u curatulu), o salineiro (u salinaru), que havia trabalhado nas salinas por gerações e, portanto, como ninguém podia controlar a água e determinar o grau de salinidade, os carregadores de sal (u staciuneri), que não só coletavam e transportavam o sal, mas também mantinham as salinas e, finalmente, o carregador de água (l’acqualoru), que fornecia regularmente água potável aos trabalhadores.

O museu do sal de Trapani, que pertence à Salina Culcasi

As Salinas de Marsala

As de Marsala são as salinas mais bonitas, na minha opinião. Elas fazem parte de um complexo de quatro elementos que constituem a Reserva Natural do Stagnone.

Junto à laguna do Stagnone, a maior lagoa siciliana de água salgada estagnada, naturalmente criada pelo movimento das areias e das correntes marítimas, as Salinas de Marsala incluem a Isola Lunga, La Scuola, Santa Maria e a  Ilha de San Pantaleo, que é a antiga Mozia.

A lagoa de águas mornas e estagnadas que se tornou o lugar favorito de muitas espécies de animais e plantas que a povoam hoje. Na verdade, nas Salinas de Marsala, além da paisagem original, você pode admirar uma grande variedade de flora e fauna, entre as mais ricas da região. Os trechos de água das salinas são divididos por faixas de terra percorrível, que permitem caminhar de um lado para o outro e observar o local de vários ângulos.

Além disso, o pôr do sol nas salinas de Marsala é um dos mais bonitos que eu já vi aqui na Sicília!

Hoje em dia, das nove salinas de Marsala originalmente usadas para produção, apenas quatro permanecem ativas, e o método de extração também se modernizou. Por exemplo, os icônicos moinhos de vento já foram indispensáveis ​​para bombear água e moer sal, hoje não são mais. No entanto, alguns deles ainda funcionam graças a obras de restauração.

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Enfim, é possível visitá-los por dentro e até vê-los em funcionamento, como é o caso do Moinho da Salina Infersa. A visita tem um custo de 6 euros e é possível de abril a outubro (nos outros meses, é necessário reservar, pois abrem somente a pedido).

O sal marinho de Trapani

Você deve estar se perguntando se o sal de Trapani tem algo de especial. Tem.

Ele é um sal macio e leve, com menor teor de cloreto de sódio, mas com maior presença de potássio e magnésio do que a média. É processado e colhido manualmente, sem qualquer tipo de tratamento químico. Além disso, seu sabor é excepcional

Por fim, é possível adquirir o sal proveniente das salinas de Trapani e Marsala em muitas lojas especializadas em alimentos da região.

 

 

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3 comentários em “As Salinas de Trapani e Marsala com seus moinhos de vento”

  1. Obrigado pela resposta, Patrícia.

    Pois é, eu tive que mudar a data, quantidade de dias, locações… a pandemia me pegou com tudo praticamente pronto pra viajar.

    Eu estou programando, com todo o meu otimismo, a viagem para agosto de 2022.
    Sou o tipo de viajante q não liga de dormir na praça pra poder curtir mais as ruas. Básico pra mim é banho e cama pode ser um luxo, rsrs.

    Sei que são poucos dias para uma região tão rica, vou tentar arrumar mais um espremendo aqui e ali.

    Até o próximo post!

  2. Patrícia, parabéns e obrigado pelo blog. Sensacional a experiência que vivo aqui.

    Tenho duas perguntas curtas baseadas em um plano para agosto de 2022 em passagem de 4 dias na Sicília.
    1 – É tranquilo em apenas um dia, saindo de Palermo, conhecer Trapani (incluindo uma ida a praia) e Erice?
    2 – Terei outros dois dias e pretendo conhecer Messina, Taormina e Catânia (talvez com uma ida ao Etna). Chegaria, vindo de Palermo, em Messina pela manhã. Planejo acompanhar o pôr do sol do Teatro Antico de Taormina (vi uma foto e achei incrível esse momento). Ao final do dia iria para Catânia onde no dia seguinte faria uma excursão ao Etna. Esse trajeto é plausível ou muito arriscado?

    1. Oi Daniel!

      Mais uma vez agradeço suas palavras gentis! Respondo as suas perguntas.

      1. Dá tranquilo para conhecer Trapani e Erice a partir de Palermo, aliás este é um passeio clássico. A única coisa é que aconselho sair de Palermo cedo, por volta de 8h/8h30, porque se gasta umas 9h no total para fazer este passeio. As praias de Trapani não são muito bonitas, então se a sua ideia é ir à praia, pode incluir um desvio até Scopello. Em qual mês você pretende vir para a Sicília? Pergunto isso para ter uma ideia se essa ida à praia é viável.

      2. Como te falei no outro comentário, num roteiro apertado como o seu eu não indicaria incluir Messina. Mas o que você propõe no segundo ponto é ok, dá para fazer. Te pergunto mais uma vez em que mês você pretende viajar, pois dependendo do dia e do mês o Teatro Antigo fecha bem antes do pôr do sol. Muitas vezes as fotos são cheias de efeitos ou feitas em momentos especiais que nem sempre estão ao alcance de todo mundo (por exemplo, durante um evento).
      Se posso te dar uma sugestão, eu iria diretamente de Palermo a Taormina e aproveitaria o dia para conhecer Taormina e Castelmola.
      Também não sei que tipo de viajante é você, mas se você prefere hotéis de um nível mais alto, pode pensar na possibilidade de se hospedar em Taormina e fazer este passeio ao Etna a partir de lá mesmo. É o que muitos fazem. Aí, nesse caso, se você viaja no verão, quem sabe ainda dê para ir à praia em Taormina (veja: Isola Bella: a charmosa reserva natural de Taormina!

      Como escrevi no comentário anterior, 5 dias são tão poucos! Tá vendo quanta coisa vai ficar de fora?

      Um abraço,

      Patricia

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